PALHETAS DE CORES E VERSOS: VAN GOGH EM "LIVRO DE POSSUÍDOS" DE MARIA LÚCIA DAL FARRA
Ivo Falcão da Silva
Resumo
Resumo: O diálogo estabelecido entre a poesia e a pintura não é um feito da
contemporaneidade. O pacto travado entre as duas linguagens remonta (dentre outros
autores ) a Horácio, em seu Poesis Ut Picturis (século V a. C.) em que já se problematizava
uma trama em que envolvia os versos e as pinturas. Em suas postulações, a poesia é
considerada como pintura que fala e, por sua vez, a pintura era tratada como uma poesia
muda na concepção horaciana. Com esta colocação, nota-se que ambas as manifestações
artísticas se irmanam e mantêm profícuo trânsito interdiscursivo. Fato este que se torna
ainda mais notório quando a escritora paulista de Botucatu, Maria Lúcia Dal Farra, em
2002, ao lançar a sua segunda coletânea de poemas, sob o título de Livro de Possuídos,
apresenta em uma seção do referido texto, poesias que dialogam com a pintura do artista
holandês Vincent Van Gogh. Este trabalho objetiva, assim, discutir como se estabelece a
comunicação entre as referidas artes no pulso de escrita ficcional da poetisa. Para tanto,
efetuaremos uma leitura comparativa entre as telas de Van Gogh apropriadas pela escritora
e as suas poesias notando as aproximações, releituras e distanciamentos presentes em seu
material literário. Evidencia-se na seção intitulada Van Gogh que, além de uma descrição
feita sobre a tela "possuída", a autora imprime a sua leitura sobre diferentes temas que são
de seu interesse, tais como: a sua concepção de arte e estética, além de pensar questões
relativas ao campo da linguagem literária de modo geral. Pensando por essa linha, pode-se
afirmar que a incursão pela linguagem pictórica de Van Gogh realizada por Maria Lúcia
Dal Farra busca descerrar o que está invisível no quadro e trazer à tona para os leitores por
meio do seu texto artístico.
Palavras-chave: Maria Lúcia Dal Farra, poesia, pintura.
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